Nos últimos anos, muito se fala sobre gráficos ultrarrealistas, mundos abertos cada vez maiores e performances cinematográficas nos jogos eletrônicos. Mas será que ainda estamos vendo inovações reais nas mecânicas de jogo? Para o renomado diretor Fumito Ueda, criador de obras como Shadow of the Colossus e The Last Guardian, a era da inovação em gameplay chegou ao fim — e talvez isso não seja necessariamente algo ruim.
Durante uma recente entrevista ao lado de Keita Takahashi (Katamari Damacy), Ueda comentou sobre o cenário atual da indústria e como ele enxerga o papel da jogabilidade nos games modernos. Em suas palavras, a criação de novas mecânicas não é mais o foco principal. Em vez disso, o momento parece ser de refinamento e aperfeiçoamento do que já foi estabelecido no passado.
Essa declaração gerou discussões acaloradas entre desenvolvedores, jornalistas e fãs. Afinal, o que significa dizer que a era da inovação em gameplay acabou? Será que os jogos se tornaram apenas variações dos mesmos conceitos?
Jogabilidade não é mais o centro da experiência?
O pensamento de Ueda surge de uma percepção real: a maioria dos grandes lançamentos AAA nos últimos anos se baseia em fórmulas já testadas e aprovadas. É o caso de RPGs com árvores de habilidade, jogos de ação com progressão por níveis, e shooters com sistemas de cobertura. Essas estruturas são familiares, intuitivas e eficazes — mas dificilmente inovadoras.
Segundo Ueda, em vez de tentar reinventar a roda a cada novo projeto, os estúdios estão se dedicando a polir a experiência do jogador, criando jogos mais coesos, bonitos e emocionantes, ainda que sem inovações mecânicas marcantes. Em outras palavras, a criatividade migrou do gameplay para outras áreas, como arte, narrativa, ambientação e imersão sonora.
A arte de emocionar mais do que surpreender
Fumito Ueda sempre foi conhecido por sua capacidade de criar emoções com simplicidade. Em Shadow of the Colossus, por exemplo, a mecânica básica de escalar e derrotar colossos se mantém durante todo o jogo, mas o impacto emocional de cada batalha torna a experiência inesquecível. Essa filosofia se mantém em suas falas atuais: não é necessário reinventar tudo, mas sim fazer o melhor possível com o que já existe.
Esse pensamento não significa que os jogos perderam a criatividade, mas que ela mudou de lugar. Hoje, desenvolvedores podem usar tecnologia de ponta para dar vida a mundos vibrantes, com histórias ricas e personagens profundos, mesmo utilizando mecânicas de jogo já conhecidas.
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Ainda há espaço para inovação?
Apesar da frase de impacto — “a era da inovação em gameplay chegou ao fim” — é importante lembrar que ela não representa uma sentença definitiva. Muitos jogos indies continuam explorando formas inusitadas de interação, mecânicas experimentais e abordagens fora do comum. Títulos como Outer Wilds, Return of the Obra Dinn, Inscryption ou Baba Is You são provas de que ainda há muito espaço para a inventividade.
No entanto, Ueda se refere principalmente ao mercado mainstream, onde os riscos financeiros são altos e a segurança costuma falar mais alto. Nesse cenário, buscar a perfeição no que já é conhecido pode ser mais viável do que apostar em ideias completamente novas.
O futuro dos jogos: emoção, não revolução
Em vez de esperar por grandes revoluções em gameplay, talvez seja hora de valorizar a profundidade emocional e artística que os jogos atuais oferecem. Com trilhas sonoras envolventes, design de som imersivo e narrativas interativas cada vez mais sofisticadas, os jogos têm evoluído em outras direções.
A fala de Ueda nos convida a refletir sobre o papel da jogabilidade no cenário atual. Será que realmente precisamos de novas mecânicas o tempo todo, ou podemos explorar com mais profundidade o que já conhecemos?
Conclusão
A era da inovação em gameplay chegou ao fim — pode soar pessimista à primeira vista, mas carrega uma provocação importante: talvez estejamos vivendo uma nova era, onde a emoção, a arte e a imersão se tornaram os pilares da experiência de jogar.
E se for esse o caso, os jogos não perderam sua alma criativa. Eles apenas estão nos tocando de formas diferentes.
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