Análise sincera de Ghost of Yotei: gameplay, história, polêmicas e pontos fortes do novo exclusivo da PlayStation. Vale a pena jogar?
1. Introdução
Ghost of Yotei foi lançado mundialmente em 02 de outubro como um dos novos exclusivos da família PlayStation. Desenvolvido pela Sucker Punch e anunciado em 24 de setembro de 2024 e lançado 02 de outubro de 2025, o game chegou com a promessa de evoluir o legado de seu antecessor — tanto em mecânicas quanto em narrativa — mesmo sem ser uma continuação direta da trama anterior.
Nesta nova jornada acompanhamos Atsu, uma mercenária em busca de vingança contra os assassinos de sua família: os temidos Seis de Yotei. Essa é a base da história do jogo.
- Você também pode se interessar: Resident Evil Requiem entrevista: Produtor revela retorno a Raccoon City e novas direções da franquia
- Você também pode se interessar: Death Stranding 2 para PC pode estar perto de ser anunciado, indica classificação da ESRB
Mas a pergunta é: Ghost of Yotei realmente faz jus ao peso de um exclusivo PlayStation, assim como Ghost of Tsushima? E como as polêmicas em torno do título afetaram sua recepção? Foram justificadas?
Nesta análise, falo sobre a parte técnica, gameplay, narrativa, polêmicas, e no final você saberá se o novo título vale ou não a sua atenção.
2. Gameplay e Mecânicas
Começando pelo que, ao meu ver, é o maior destaque: o combate.
A Sucker Punch caprichou demais nessa área. A cada impacto de espada você realmente sente a colisão, e muitas lutas parecem coreografadas. As animações são de altíssimo nível e raramente notei bugs, mostrando o quanto o estúdio poliu o sistema.
Os pequenos detalhes fazem diferença: Atsu limpar o sangue da lâmina após uma luta, sacar a odachi puxando a própria saya das costas, e até certas execuções envolvendo técnica ao invés de força bruta, condizente com o fato de ela não possuir a mesma força de um homem. É um cuidado impressionante.
2.1 Sistema de Armas
Diferente do primeiro Ghost, que era mais focado em katanas, aqui temos uma variedade enorme de armas: lanças, kusarigamas e outras. O sistema funciona quase como um “papel-pedra-tesoura”: cada arma tem vantagem sobre outra, enquanto a katana única funciona como a carta coringa.
As trocas de arma durante o combate são fluidas, embora em raros momentos encontrei um bug onde a mudança simplesmente não acontecia.
2.2 Combate à distância
Aqui o jogo perde fôlego. Arco e armas de fogo funcionam bem somente no stealth. No combate aberto, a Atsu demora demais para puxar a flecha, tanto no arco curto quanto no longo. O rifle tem um dano excelente, mas leva uma eternidade para recarregar — inviável para combates diretos.
Por isso, no stealth esses equipamentos brilham, já que dá para mirar com calma e acertar a cabeça dos inimigos.
2.3 Armaduras
As armaduras trazem vantagens específicas: mais defesa, mais facilidade de parry e esquiva, ou maior dano. Basta escolher o estilo que combina com sua abordagem.
2.4 Parry, Esquivas e Leitura de Ataques
O sistema de cores funciona assim:
- Azul: mais fácil de aparar (parry).
- Amarelo: desarma Atsu, deixando-a vulnerável.
- Vermelho: não pode ser bloqueado; só desviar.
É simples, funcional e mantém o ritmo intenso dos combates.
O dano dos inimigos, porém, está desbalanceado em alguns momentos: certos inimigos comuns podem derrotar você com apenas alguns golpes. Prepare-se para manter a guarda levantada constantemente.
2.5 Stealth
Competente, mas padrão: esconderijo em tendas, cordas, arbustos… funciona, mas não surpreende.
A IA dos inimigos, por outro lado, deixa a desejar. São limitados e facilmente manipuláveis. Pararam de perseguir ao perder o jogador de vista, e voltam ao estado normal após um tempo.
O ponto positivo é que, se errar uma flechada, eles rastreiam sua posição — o que deixa o stealth mais tenso e interessante.
2.6 Exploração
Assim como no primeiro jogo, explorar é delicioso. A tela é limpa, sem poluição de HUD.
O vento guia o jogador, pássaros e raposas apontam locais de interesse, e a Sucker Punch novamente dá um show de criatividade.
2.7 Atividades Secundárias
- Cortes de bambu (mais desafiadores, com cortes no ar).
- Banhos termais.
- Mini atividades relaxantes.
Novas Mecânicas
As novidades são excelentes:
Forja:
Movimentos com o controle simulam golpes de martelo — sensação de realmente trabalhar o metal.
Culinária nos acampamentos:
Acender o fogo, preparar comida… simples, mas muito divertido.
Duas adições muito bem-vindas.
3. Desafios e Dificuldade
O game possui cinco níveis:
- Casual: apenas para curtir a história.
- Fácil: ideal para quem quer relaxar.
- Moderado: o melhor equilíbrio geral.
- Difícil: ótimo desafio, inimigos mais agressivos.
- Letal: um golpe e você morre.
A curva de aprendizado é natural. Cada arma nova muda completamente o estilo de jogo e expande as possibilidades nos combates.
Inimigos comuns são equilibrados, mini-chefes têm boa dificuldade, e chefes principais possuem 2–3 fases. O chefe final, por usar todas as armas, se destaca como o mais desafiador.
4. Gráficos e Direção de Arte
É difícil esperar saltos gráficos gigantes como antigamente — PS1 → PS2 → PS3 — mas Ghost of Yotei foi vendido como um dos ápices visuais da geração.
A verdade?
Ele não parece ter tido uma evolução gráfica tão grande quanto o prometido.
Em certos momentos, parece até que poderia ter saído no PS4 com alguns ajustes.
A grande diferença está nas partículas: neve, poeira, folhas, chuva — tudo lindo. E mesmo assim, os cenários são tão belíssimos que às vezes dá vontade de só caminhar pela ilha apreciando a vista.
4.1 Performance
- PS5 base: 30 fps no modo qualidade, até 60 fps no desempenho.
- PS5 Pro: até 120 fps.
Eu joguei no modo qualidade, e os 30 fps não me incomodaram.
5. Trilha Sonora e Dublagem
A trilha sonora é maravilhosa, e existe até um sistema onde o jogador compõe músicas em partes específicas da história — uma sacada excelente.
A dubladora da Atsu fez um trabalho muito bom, assim como os principais personagens.
Porém, personagens secundários claramente não tiveram o mesmo cuidado: há momentos de desincronia labial e falas que simplesmente não combinam com a animação facial.
6. História e Ambientação
A ambientação é um dos pontos altos.
O game se passa em 1603, e roupas, ferramentas, armas e arquitetura ajudam a convencer o jogador de que realmente está naquele período.
O sistema de forja interativa reforça a imersão.
O problema está na precisão histórica das armaduras: algumas pertencem a períodos posteriores ao século XVII, assim como no primeiro Ghost.
Depois de elogiar e bastante e criticar algumas coisas, tem duas coisas que ao meu ver são os maiores problemas do game.
6.1 Atsu — a protagonista
Aqui começam os problemas sérios.
Atsu não tem carisma, parece que o carisma passou a pelo menos 100 KM de distancia dela.
É carrancuda, rude, ignorante até com mestres que tentam ajudá-la.
Seu desenvolvimento só acontece perto do final — e mesmo assim não é suficiente para criar empatia.
Como personagem de combate, ela é excelente, muito casca grossa: brutal, precisa e sem piedade, isso deixa as lutas muito boas.
Mas como protagonista, deixa muito a desejar. Personagens secundários acabam sendo mais cativantes.
6.2 A Trama
A história é um conto clássico de vingança dividido em três atos: Atsu contra os Seis de Yotei.
Isso poderia funcionar muito bem, o velho arroz com feijão — histórias de vingança costumam se vender sozinhas.
O problema é que o roteiro dilui o peso da motivação da protagonista ao tentar justificar demais os vilões do por que eles mataram a família da Atsu, enfraquecendo a raiz emocional da narrativa.
O jogador já não acha a protagonista tão interessante e ainda fazem isso, ai tira toda a mínima importância que temos com ela.
Ao contrário de protagonistas carismáticos como Edmond Dantès (O Conde de Monte Cristo), Emily Thorne (Revenge) ou Ezio Auditore (Assassin’s Creed II), Atsu não faz o jogador torcer por ela — nem mesmo nos momentos mais pesados.
Cheguei ao final da jornada sem me importar muito se ela sobreviveria ou não.
Algumas mortes de personagens secundários tiveram impacto muito maior.
- Você também pode se interessar: Perseguição do governo americano à Rockstar: Dan Houser revela pressão após o sucesso de GTA
- Você também pode se interessar: Intergalactic The Heretic Prophet não aparecerá no TGA 2025, dizem jornalistas
7 Polemicas
O game acabou se envolvendo em uma polêmica poucos meses antes do lançamento. Alguns desenvolvedores fizeram comentários comemorando o assassinato de Charlie Kirk, um ativista político alinhado à direita conservadora dos EUA. A repercussão foi imediata, e o estúdio demitiu esses funcionários. A decisão, por sua vez, gerou revolta entre parte do público de esquerda, criando tensão dos dois lados do espectro político.
Com isso, grupos de ambos os lados passaram a incentivar um boicote ao jogo. Além disso, quando o trailer de anúncio foi divulgado, uma parcela do público acusou o título de “agenda woke” por trazer uma protagonista mulher — o que já havia gerado desconfiança entre alguns jogadores antes mesmo da polêmica interna do estúdio.
Todos esses fatores acabaram impactando diretamente a recepção e as vendas iniciais. Apesar disso, em relatórios oficiais, a PlayStation afirmou que o desempenho foi satisfatório, registrando 3.3 milhões de unidades vendidas no primeiro mês. Ainda assim, é difícil ignorar que, sem todo esse barulho político, o número provavelmente teria sido ainda maior.
8. Veredito
Ghost of Yotei evolui bastante em mecânicas de combate e polimento, tem animações de nível altíssimo e traz novidades bem-vindas como forja e culinária.
O mundo é maravilhoso e vale a exploração. E faz jus a nome de peso da família Playstation.
Por outro lado:
- gráficos abaixo do hype,
- protagonista fraca,
- narrativa desbalanceada,
- IA inconsistente,
- alguns bugs pontuais,
impedem o jogo de alcançar o nível que poderia.
Se você não se importar com esses pontos, vai se divertir muito — especialmente com o combate e a ambientação.
Para platinar, espere cerca de 80 horas.
Para a história principal, 20 horas são suficientes.
Minha nota: 3.5 de 5.0.
Principalmente graças ao combate, ao mundo de Yotei e aos personagens secundários.

